segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

As vezes

a gente para e percebe como a nossa vida muda da noite pro dia. Percebe como nossos sonhos não passam de puros erros, que tudo que a gente pensou que poderia dar certo deu errado e fica feliz por isso, sim FELIZ. Feliz por saber que a frustração veio atravez do seu suor, por ter se jogado de cara e ter corrido atraz de sua própria felicidade ao invez de ficar lamentando a vida. Sempre estamos querendo algo, lutando por algo... É bom saber que algo deu certo, mais ao mesmo tempo é melhor ainda ver nossos erros e lutar para não os comete-los novamente. Psé, sempre que chega final de ano todos ficam com essa mania de fazer uma retrospectiva de tudo, observar como tudo mudou.. ou na maioria das vezes como as coisas continuam do mesmo jeito, é tempo de promessas, simpatias.. É tempo de refletir.

“Eu...

 não assisto programas, não me sento no sofá com frequência, meus amigos não me visitam e eu uso óculos de grau. As pessoas dizem que não saio de casa, que eu sou louca, mas a maioria nem fala comigo. Sem ter a certeza de que viverei amanhã, eu me contento com os sonhos que carrego. Semana passada mataram um homem, um cachorro latiu enquanto eu caminhava em silêncio, e meu tio dirigia um carro longe daqui. Eu odeio o sol, o calor e o suor. Nasci no inverno, e sempre preferi os edredons. Eu não sei falar ao celular e andar ao mesmo tempo, eu acho que existem dragões em meu guarda-roupa, e sempre brinquei debaixo do chuveiro. Eu não me engano, mas me contorno. Às vezes prefiro o campo, mas outras quero no rosto a garoa do céu acinzentado de uma metrópole que cresce descontroladamente. O meu perfume é doce e todo mundo reclama quando eu passo demais. Até mesmo quando eu não passo. Ninguém desvenda o mistério nos meus olhos, ninguém olha neles. Eu sorrio fácil, algumas pessoas têm o dom de me fazer sentir um aconchego apenas por estar perto. Eu coleciono coisas que ganhei dos meus amigos. E tenho dor de cabeça com frequência. Tudo que eu toco, quebra. Eu nunca tive sorte. Eu sou engraçada, até mesmo quando séria, pois mordo a língua como um leão pra passar a raiva. As pessoas me convidam, mas eu nunca apareço. Ninguém sabe por onde eu ando, nem o que comi no almoço. Esperam que eu ajude em algo que não sei dar nome. A verdade é que as pessoas não me conhecem, não sabem a cor do meu cabelo, nem porque eu comprei um chinelo novo. A verdade é que elas precisam de alguém além delas mesmas, além da imagem fétida que veem no espelho do quarto, além da bailarina que dança na caixa de música. A verdade é que essa não sou eu. Eu não tenho esse costume de dançar a música dos outros, e nada tenho comigo, além de três cachorros que dormem em minha cama. Esse casaco não é meu, não fui eu quem dirigiu até aqui. Eu faço parte do sereno, mas não sou o orvalho. Os emaranhados do meu cabelo são como nós, porque eu nunca me importei com isso. Eu não sou o que conhecem, eu vou além do suco de morango e da bendita preguiça de fazer compras. Eu não sou “Eu.”